PROPEDÊUTICA GINECOLÓGICA
Por: Leonardo F.
14 de Novembro de 2021

PROPEDÊUTICA GINECOLÓGICA

Medicina Fisiologia Anatomia humana Patologia Anatomia Curso superior ginecologia e obstetrícia Medicina Semiotécnica Semiologia Semiologia Médica propedeutica

PROPEDÊUTICA GINECOLÓGICA

Compreende a análise de sinais ou sintomas referentes ao aparelho reprodutor feminino com o objetivo de diagnosticar ou prevenir alguma afecção, excetuando o ciclo gravídico-puerperal. Divide-se em três etapas: anamnese, exame físico geral e exame físico ginecológico. 

Deve-se estabelecer uma adequada relação médico-paciente, criando um vínculo que permita abordar as queixas da paciente e realizar o EF, causando o mínimo de desconforto ou constrangimento.

Anamnese

Identificação: correta identificação e delimitação de perfis epidemiológicos. Por exemplo, sabemos que mulheres com menos de 30 anos e sem parceria estável estão mais susceptíveis à ITU, bem como IST. Por outro lado, o CA de mama já é mais prevalente em mulheres acima dos 40 anos.  Essas informações, portanto, podem embasar nossas hipóteses diagnósticas. 

Nome

Idade (infância, puberdade, menacme, climatério e senilidade)

Sexo

Etnia

Naturalidade/ Procedência

Estado civil

Ocupação/ Grau de instrução

Religião



Modelo:

M.S.F, 27 anos, mulher, parda, natural e procedente de São Paulo (ZL), solteira, auxiliar administrativo, católica. 

Queixa e duração: espaço destinado para anotar a queixa principal da paciente, utilizando a transcrição fiel de suas palavras. Três perguntas precisam ser respondidas: Qual a queixa? Quando teve início? Qual a duração da queixa?

Modelo:

“Ferida na vagina há 2 semanas”

Nesse momento, várias perguntas têm que surgir em nossa cabeça visando descrever melhor a Q&D da paciente. Para isso utilizamos a HPMA, que é justamente a elaboração dessa queixa, explorando melhor os caracteres propedêuticos do sintoma, inclusive investigando se existe concomitância de sintomas. Alguns sintomas possuem diversos caracteres propedêuticos. 

 

Inicio

 

Duração

 

Qualidade (pulsátil, cólica, pontada, etc.)

 

Intensidade

 

Fatores de melhora/ piora

 

Fatores desencadeantes

 

Períodos de semelhança/ dessemelhança

 

Evolução 

 

Cuidado: 

  1. Não colocar dados de exame físico. 
  2. Utilizar terminologia específica apenas quando se há certeza de seu significado

- Ex.: Metrorragia = sangramento uterino fora do ciclo menstrual normal.  

Modelo: 

Paciente refere que há 2 semanas notou pequena lesão, indolor, de aspecto crostoso em pequeno lábio esquerdo. Também refere nódulo doloroso em região inguinal de mesma duração. 

IC e ISDA: revisão dos sistemas a fim de encontrar demais sinais e sintomas que possam contribuir com a suspeita atual e até novos diagnósticos não relacionados à queixa atual. 

Sintomas gerais

Febre, astenia, perda de peso, sudorese, calafrios e câimbras.

Segmento cefálico (olhos, aparelho auditivo, nasofaringe, orofaringe, laringofaringe)

Cefaleias, acuidade visual, auditiva, olfativa e gustativa, epistaxe, halitose, dor no dente, 

nódulos cervicais, descarga de secreção, dor, etc. 

Cardiovascular

Palpitações, intolerância aos esforços, síncope, cianose.

Mamas **

Dor, nódulos, alterações cutâneas, descarga espontânea, etc. 

Pulmonar

Dispneia, tosse, sibilos.

TGI

Pirose, disfagia, dispepsia, distensão abdominal, diarreia, esteatorreia,  constipação, flatulência, enterorragia.

TGU **

Disúria, polaciúria, Nictúria, oligúria, hematúria, polúria, alterações na coloração e odor da urina, lesões genitais, nódulos, prurido, ardência, amenorreia, dismenorreia, metrorragia, dispareunia, sinusorragia, etc. 

Neuropsico

Cefaleia, vertigem, desmaios.

Osteomuscular

Artralgia, artrite, astenia, mialgia, rigidez, espasmos, convulsões, ausências.

Endócrino

Hipersensibilidade ao calor/ frio aumento/ diminuição da sudorese,  perda/ ganho de peso, tremor,  irritabilidade, insônia, astenia, exoftalmia, obstipação intestinal, ginecomastia; unhas quebradiças, pele seca, rouquidão.

**Requerem atenção especial

Antecedentes familiares: sabe-se que algumas ginecopatias tendem a se repetir entre membros de uma mesma família, como por exemplo, os leiomiomas. Todavia também devemos investigar histórico neoplasias ginecológicas, antecedentes cardiovasculares, endócrinos, autoimunes, doenças infectocontagiosas antecedentes psiquiátricos. 

Antecedentes pessoais: 

Diagnósticos prévios (* se for relevante, incluir doenças da infância como rubéola, toxoplasmose, sarampo, caxumba, etc.). 

Tratamentos farmacológicos (ou não farmacológicos)

Cirurgias/ procedimentos prévios/ transfusão

Alergias

Vacinação 

Antecedentes epidemiológicos

Hábitos de vida: 

Tabagismo

Etilismo

Demais drogas (injetáveis ou não)

Atividade física

Dieta

 

Antecedentes menstruais: 

Menarca

DUM

Intervalo e duração do ciclo

Fluxo (Coloração? Coágulos? Volume? Quantidade de absorventes?)

Sintomas pré-menstruais (edema mamário, mastalgia, distensão abdominal, dor do meio, dismenorreia)

 

Antecedentes ginecológicos: 

Atividade sexual

Telarca, frequência, libido, orgasmos, dispareunia, sinusorragia, práticas sexuais diversas, anticoncepção. 

Corrimento

Início, duração, volume, coloração, odor, variações com o ciclo e tratamentos

Cauterização/ procedimentos

-

Demais queixas

Prurido, tumores, fístulas, prolapsos.

 

GPA

G- número de gestações (independente do número de fetos, assim como independente se a gestação foi levada até final)

P- número de vezes que que a gestante entrou em trabalho de parto.

A - número de abortos (Aborto: feto com < 500g/ 16,5 cm ou abaixo de 22 semanas de gestação)

Vias de parto

Obstétrica/ Normal/ Vaginal

ou 

Cesariana/ Via cirurgica/ Via alta

Complicações

Pré natal

Intraparto 

Puérperio 

Vitalidade do RN

Apgar 

Peso ao nascer

Puerpério

Vide complicações 

Amamentação

- Aleitamento exclusivo?

- Introdução da fórmula


EXAME FÍSICO 

Exame físico geral: Será avaliado o estado geral da paciente. Serão mensurados os sinais vitais e dados antropométricos. Também devemos avaliar pele, fâneros, mucosas, varizes, edemas, ausculta pulmonar e cardíaca, abdome (inspeção, palpação, percussão e ausculta). 

Exame ginecológico:

EXAME DAS MAMAS

 

ETAPA

POSIÇÃO

AVALIAÇÃO

Inspeção estática









Sentada c/ braços soltos ao longo do corpo

Número de mamas, forma, volume, contornos e simetria. Com relação à pele, observar cor, brilho, cicatrizes, vascularização, edema, lesões e complexo aréolo-mamilar.

Inspeção dinâmica

1º tempo: Sentada + elevação até o segmento cefálico (tensionar a pele) 


2º tempo: sentada + extensão dos braços para frente + flexão do tronco (mamas pêndulas) 


3º tempo: sentada + maõs na asa do ilíaco + contração dos músculos peitorais. 

 

Palpação

 




1º tempo: sentada

*Braço homolateral da axila apoiado sobre o braço contralateral do médico. 


2º tempo: DD + mãos na cabeça (atrás da nuca) 

1º tempo: cadeias cervicais, supra e infraclaviculares e cadeias axilares*


2º tempo: palpação das mamas (utilizar a ponta e a polpa digital) em movimentos de dedilhamento em busca de nódulos, espessamentos, consistência do parênquima, temperatura e dor. 

Expressão das mamas

-

Presença de descarga mamilar

 

Para a descrição mais acurada do local onde a alteração se encontra na mama, dividimos a mama em quatro quadrantes: QSL, QSM, QIL, QIM e quadrante central. Também adotamos o sistema “em horas” para descrever as alterações. 

 

EXAME PÉLVICO

Recomendações gerais

- Evitar período menstrual

- Recomendar não manter relações sexuais na véspera do exame

- Evitar exame antes de duchas vaginais

- Medicamentos intravaginais 

- Oferecer vestuário apropriado à paciente

- Explicar previamente os procedimentos que serão realizados e suas finalidades

- Paciente em posição ginecológica 

OGE (VULVA)

Pelo risco de contaminação do examinador e da paciente sugerimos que este exame seja efetuado com luvas. Estas deverão ser mantidas durante todo o exame e trocadas quando da realização do exame especular e toque vaginal. A inspeção dos órgãos genitais externos é realizada observando-se a forma do períneo, a disposição dos pelos e a conformação externa da vulva (grandes lábios). Realizada esta etapa, afastam-se os grandes lábios para inspeção do vestíbulo vulvar. Com o polegar e o indicador prendem-se as bordas dos dois lábios, que deverão ser afastadas e puxadas ligeiramente para a frente. Desta forma visualizamos a face interna dos grandes lábios e o vestíbulo, hímen ou carúnculas himenais, pequenos lábios, clitóris, meato uretral, glândulas de Skene e a fúrcula vaginal. Deve-se palpar a região das glândulas de Bartholin; e palpar o períneo, para avaliação da integridade perineal. Poderá ser realizada manobra de prensa abdominal (Valsalva) para melhor identificar eventuais prolapsos genitais e incontinência urinária.

 

Monte de púbis: coxim gorduroso que recobre a sínfise púbica. Contém pelos com distribuição triangular. Mulheres com hirsutas apresentam distribuição semelhante à masculina. 

Grandes lábios: são análogos embriológicos do saco escrotal. Variam em sua aparência, principalmente quanto ao conteúdo adiposo. 

Pequenos lábios: são análogos embriológicos ao eixo ventral do pênis. Se unem superiormente para formar o frênulo e o prepúcio do clitóris. Inferiormente, se unem para formar a fúrcula. Apresentam grande variação de tamanho entre as mulheres. A superfície externa dos pequenos lábios é coberta por epitélio queratinizado e a interna por epitélio não queratinizado. 

Clitóris: principal órgão erógeno feminino e é homólogo erétil do pênis. Localiza-se abaixo do prepúcio e acima do frênulo. É ricamente vascularizado e inervado. 

Vestíbulo: contém seis orifícios uretra, vagina, dois ductos das glândulas de Bartholin e dois das glândulas parauretrais. A posição posterior do vestíbulo, entre o introito vaginal (vagina) e a fúrcula, localiza-se a fossa navicular, visível geralmente apenas em nulíparas. 

Hímen: hímen é uma membrana que circunda o introito vaginal parcialmente. A abertura do hímen intacto varia desde uma ponta de agulha até um ou dois dedos. Já o hímen imperfurado causa a retenção do fluxo menstrual, requerendo intervenção cirúrgica. Em gestantes, o hímen fica espesso e rico em glicogênio, assumindo conformação multinodular após o parto (carúncula himenal).

 

OGI

É realizado em duas etapas:

Especular: Para a introdução do espéculo, considerando um indivíduo destro, o examinador afastará os grandes e pequenos lábios com o polegar e o 3º dedo da mão esquerda para que o espéculo possa ser introduzido suavemente na vagina. A mão direita, que introduzirá o espéculo, deverá pegá-lo pelo cabo e borboleta. O espéculo é introduzido fechado. Apoia-se o espéculo sobre a fúrcula, ligeiramente em um angulo de 45º em relação ao eixo longitudinal (para evitar lesão uretral), e faz-se sua introdução lentamente; antes de ser completamente colocado na vagina, quando estiver em meio caminho, deve ser rodado, ficando as valvas paralelas às paredes anterior e posterior; posição que ocupará no exame. A extremidade do aparelho será orientada para baixo e para trás, na direção do cóccix, enquanto é aberto. Na abertura do espéculo, a mão esquerda segura e firma a valva anterior do mesmo, para que a mão direita possa, girando a borboleta para o sentido horário, abri-lo e expor o colo uterino.

Devemos observar a parede vaginal (coloração, rugosidade, trofismo, elasticidade, fundo de saco, secreção e corrimento), presença de secreção fisiológica e o colo uterino (coloração, forma, volume, e forma do orifício externo).

A seguir é coletado material para o exame da secreção vaginal, para o exame citologia oncótica, e é realizado o teste de Schiller. A Colposcopia e biópsia são realizadas quando há indicação. 

  • Colpocitologia deve ser realizada em mulheres entre 25 e 64 anos com atividade sexual iniciada. 
  •  Após dois resultados normais consecutivos (com intervalo anual), os próximos devem ser realizados a cada três anos. 
  • Em imunossuprimidas, o rastreio é realizado após início da atividade sexual, inicialmente semestral, depois anual.
  • Em HIV+ (CD4 baixo) rastreio é semestral.  

 

A retirada do espéculo é efetuada em manobra inversa à da sua colocação; durante sua retirada, deve-se examinar as paredes vaginais anterior e posterior.



Toque bidigital bimanual: utilizam-se os dedos indicador e médio, ambos estendidos. Devemos avaliar o tônus muscular perineal, superfície da parede vaginal, realizar exploração da bexiga, do reto, paredes pélvicas, fundos de saco e palpação do colo uterino (situação, forma, comprimento, consistência, superfície). Por último, devemos palpar corpo uterino (situação, orientação, forma, volume). 



EXAMES LABORATORIAIS

Dosagem hormonal (plasma)

Estradiol, progesterona, FSH, LH e hCG

Hemograma e sorologias

HIV, sífilis, hepatites, rubéola, toxoplasmose, etc.

Radiológico

Mamografia

USG

Órgãos pélvicos e mamas

Urina e Fezes

Utilidade depende da hipótese diagnóstica

Colposcopia

-

 

 

Biópsia  (anatomopatológico) 

Geralmente é realizada em pacientes com suspeita de neoplásia intraepitelial de alto grau (CA colo úterino)

 

EXAMES A FRESCO

Medida do pH vaginal

Determinação da acidez do ambiente vaginal que está relacionada com a composição da microbiota vaginal. A vagina saudável possui pH entre 3,8 -4,5. 

Teste das “Aminas”

Esfregaço vaginal acrescido de solução contendo KOH. Em presença de KOH, há liberação de aminas voláteis sintetizadas pelas bactérias anaeróbicas. 

Teste de Schiller

Lugol – iodo impregna em tecido rico glicogênio (hígido). O contrário indica célula com metabolismo atípico – indicado para suspeitas de lesões subclínicas por HPV.

Citologia a fresco

Esfregaço acrescido de solução fixadora e levado ao microscópio para análise das células do epitélio vaginal. 

 

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