(Texto aprovado para a segunda fase do Curso Abril de Jornalismo 2013).
Pequena. É assim que caracterizam logo de cara a geminiana que nascia enquanto o Muro de Berlim se decidia por deixar de separar socialistas e capitalistas.
Uma pequena bola de carne dava as caras no interior paulista, na cidade premiada com a primeira rua asfaltada da América Latina. Americana.
De fato posso dizer que sofro de certa inibição de estatura. Talvez essa tenha sido uma maneira de equilibrar minha ‘pequinês’ com a grandeza de sonhos, ambições e vontades. Vontade de mudar o mundo. Esse pode até ser um ingên…
(Texto aprovado para a segunda fase do Curso Abril de Jornalismo 2013).
Pequena. É assim que caracterizam logo de cara a geminiana que nascia enquanto o Muro de Berlim se decidia por deixar de separar socialistas e capitalistas.
Uma pequena bola de carne dava as caras no interior paulista, na cidade premiada com a primeira rua asfaltada da América Latina. Americana.
De fato posso dizer que sofro de certa inibição de estatura. Talvez essa tenha sido uma maneira de equilibrar minha ‘pequinês’ com a grandeza de sonhos, ambições e vontades. Vontade de mudar o mundo. Esse pode até ser um ingênuo desejo utópico da inquietude infantil. Se realmente é, eu não sei, mas se for, creio que parte de mim estará eternamente impregnada pela pureza da criança que ainda não foi contaminada pelas decepções da vida.
E por que jornalismo? Perguntam-me sempre. Como diria meu companheiro de todas as noites insones, Dostoiévski, “quanto mais gosto da humanidade em geral, menos aprecio as pessoas em particular, como indivíduos”. Acredito no lado humano que cada figura individual possa trazer para enriquecer produções jornalísticas de qualquer gênero, mas acredito ainda que o jornalista tem o dever de dar “armas” para que a sociedade lute pelo que lhe pertence por direito. O indivíduo por si só não consegue dar passos muito grandes, mas em conjunto fica muito mais praticável ganhar batalhas.
Almejo a justiça, mas já aviso de antemão: sou daquele tipo de aspirante a jornalista que sempre quis conhecer muito além de onde os olhares alcançam o horizonte. Nunca saí do país, é fato, mas desde meus tenros anos já ficava eufórica só pelo fato de poder enxergar o “Parque das Nações” da janela do meu quarto. Na real, esse é apenas mais um bairro de minha cidade natal, mas para mim, aquele nome me remetia um aglomerado de diversidades culturais que um dia eu almejava conhecer com os próprios olhos.
Já quis ser escritora, bióloga, arqueóloga e até mesmo (pasmem), egiptóloga. Eu ficava me questionando sobre os mistérios que sempre rondaram a construção das pirâmides egípcias. Logo depois vinha a decepção: “onde estavam os benditos dos jornalistas nessa época, para confirmarem minha teoria sobre ETs engenheiros?”. Foi então que caiu minha ficha sobre a importância social dessa figura midiática, o jornalista.
Esbocei minhas primeiras sílabas no papel aos 3 anos de idade. Aos 9, enquanto a maioria das crianças da minha idade levavam bronca por se negarem a ler, eu levava diariamente “puxões de orelha” por ler em excesso durante as aulas. Sempre manuseei livros e revistas com certa simpatia. A afinidade era tanta, que cada vez que eu fazia recortes das edições das revistas “Super Interessante” do meu pai para trabalhos escolares de ciências, pedia perdão a elas mentalmente pelo pecado cometido. Mas sinto que após algum tempo fui perdoada pelo legado das revistas Abril. Prova disso foi poder contar com as INFOs nas prateleiras do meu quarto, cada vez que precisava descobrir macetes do ICQ, ou saber como formatar meu PC quando ele já se encontrava praticamente inutilizável.
Como vim parar onde estou hoje, nem eu mesma sei dizer. Só sei que, estagiando na área televisiva, esboço um sorriso sincero cada vez que ouço agradecimentos via telefone por parte dos telespectadores. Já recebi pedidos de ajuda, já ouvi desabafos pela perda de entes queridos ou pelo cão que sumiu na noite anterior, já recebi benção por ser educada ao telefone, e já ouvi o que não queria por ser curiosa em excesso. De todas essas experiências jornalísticas, posso fazer apenas uma afirmação: gosto de pessoas. E passo a gostar ainda mais quando consigo melhorar a vida delas de alguma forma. E isso acontece.
Agora já tomei um rumo sem volta. Clóvis Rossi certamente iria me sugerir que eu mudasse de carreira, antes que seja tarde demais, e eu enfarte ainda jovem, devido ao estresse excessivo causado pela profissão. Eu diria que seria mais provável eu enfartar se escolhesse outro rumo.
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